historia

Como no hino brega de Peninha, tudo era apenas uma brincadeira de amigos no início dos anos 80 do século passado, o tal de século XX, que foi crescendo, crescendo e absorvendo cada vez mais gentes.

A ideia: abrir um bar.

Passados mais de 30 anos o Ocidente virou uma entidade, um templo pagão onde cultura, arte, música, teatro, noites literárias e outras idéias mirabolantes convivem com diversidade (sexual, cultural, comportamental), diversão, festa, bebida e noites fellinianas. Desafiando bem mais que os entraves do tempo, incluindo a repressão dos resquícios da ditadura, o Ocidente povoa a memória de seus freqüentadores, desde os mais antigos até os mais recentes.

Povoa também, das maneiras mais variadas, o imaginário extremamente fértil daqueles que nunca entraram no velho casarão na esquina da Rua João Telles com a Avenida Osvaldo Aranha, em Porto Alegre.

Para parte de alguns desses últimos, o Ocidente é um antro de orgias colossais, um ponto gay na geografia da cidade, uma sucessão de noites de luxúria e pecados.

Outros tantos, mesmo sem arriscar a por os pezinhos lá, imaginam o Ocidente como ele realmente é: um lugar mágico onde tudo, literalmente tudo, pode acontecer.

De um bar eleito, em seus primeiros anos, como refúgio noturno por gente cansada de freqüentar sempre os mesmos e surrados botecos da Esquina Maldita, a algumas quadras dali, onde predominavam as tendências políticas estudantis em discussões sem fim enquanto a ditadura instituída em 1964 dava sinais de estar chegando ao seu estertor, o Ocidente virou quartel general do punk rock porto-alegrense e logo de toda boa música, alternativa ou não, produzida na aldeia às margens do Guaíba, que ninguém sabe até hoje, exatamente, se é rio, lago, estuário ou qualquer outra denominação inventada ou ainda a inventar pelo geógrafos.

Reduzir a história do Ocidente a essas poucas linhas é um trabalho insano, tarefa que requer elevadíssimo poder de síntese.

Mas tentemos, mesmo assim. O Ocidente, como já se disse, é um lugar mágico.

Mesmo que as noites pareçam iguais, com as mesas no mesmo lugar, as pessoas se repetindo em suas presenças, é preciso deixar claro que nenhuma noite do Ocidente é igual a outra.

Há alguma coisa no ar que transforma e recicla tudo como tudo fosse, de novo,novo em folha.

Por isso é tão difícil sair de lá uma vez que você cruza aquelas portas.

E quando, enfim, mestre Fiapo Barth ordena o encerramento das funções e dá a noite por encerrada, você sai ferindo os olhos na luz de um novo dia que começa.

Mas aí, você já foi fisgado pela magia do Ocidente, algo de imantado parece te puxar de volta para dentro do casarão para mais uma dança, mais um drinque, mais uma tentativa de descobrir que diabos acontece ali. Até porque na noite seguinte, você está lá de volta, seja para dançar, para ouvir sua banda favorita, conhecer a mais recente novidade da cena do rock da cidade ou mesmo curtir, muito bem comportadamente, uma informal e excitante noite de literatura.

Depois de ser tocado pela energia daquele casarão é impossível voltar.

E o melhor de tudo isso é que você nem precisa esperarpela noite seguinte porque, caso você não saiba (e essa é a cereja no topo do bolo!) o Ocidente há muitos e muitos anos serve um dos almoços mais bacanas e concorridos da cidade. Afinal é preciso estar bem alimentado para enfrentar mais uma noite mágica no histórico (com direito a tombamento como patrimônio cultural de Porto Alegre e tudo mais) casarão da João Telles com a Osvaldo que já foi um internato, quiçá um asilo de loucos, e há mais de 33 anos é o ponto de encontro de todas as tribos, trendies e tais.

Sim: o Ocidente é a mais perfeita tradução de diversidade em todas as instâncias.

Jimi Joe

  • João Telles
  • esquina com
  • a Osvaldo Aranha
  • Porto Alegre - RS
  • 51 3012 2675 e 3012 5924
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